Foi em 1994, com ‘Perdoa-me’, que Fátima Lopes se tornou uma cara conhecida dos portugueses. Hoje é mais. É a amiga e o programa tem o nome dela. Fátima é uma mulher desembaraçada. Não perde tempo. Lançou o terceiro livro. Experimentou o cinema. Em breve será mãe pela segunda vez. À ‘Domingo’ diz que o segredo é definir objectivos e não os perder de vista. Ou corre-se o risco de “andar aqui a apanhar bonés”.
Nasceu no Barreiro a 13 de Maio. É por isso que se chama Fátima?
Sim. Mais do que dos meus pais, foi uma escolha dos meus avós maternos e paternos, que eram muito católicos. Eu também gosto muito do meu nome.
Quando era criança viveu em Moçambique. Tem memórias de África?
Tinha oito quando fui e onze quando regressei. Lembro-me de tudo – dos cheiros, das ruas, da escola, das brincadeiras, do clima... A passagem por África marcou-me. Tornou-me uma criança mais aberta, menos introvertida. Ter de adaptar-me a uma sociedade tão diferente teve efeito positivo. Fiquei com uma paixão imensa por Moçambique.
Como foi o regresso a Portugal?
Em 1980, as pessoas que estiveram em África – e nós já tínhamos ido depois da Independência, em 1977 – ainda continuavam a ser olhadas como retornadas. Havia muito preconceito. A integração escolar não foi fácil. Era tudo diferente e tive, mais uma vez, de fazer um enorme esforço de integração. Tudo se tornou mais fácil quando entrei para o atletismo. O desporto aproxima as pessoas e faz cair barreiras.
Alguma vez pensou em dedicar-se ao atletismo a sério?
Eu era velocista. Fiz competição durante muitos anos. Mas, quando entrei na faculdade, não era possível conciliar as duas coisas. Morava no Barreiro, a faculdade era em Lisboa, em competição os treinos são diários... E sempre tive consciência de que não seria uma grande atleta. Privilegiei a escola. Deixei a competição.
Queria ser professora de Inglês. O que a levou a escolher o curso de Comunicação Social?
Eu estava na área de Humanísticas, tinha a disciplina de Jornalismo e cruzei-me com uma professora fabulosa, a Helena Vieira. Era tão apaixonante a forma como dava as suas aulas que eu descobri algo que nunca me tinha passado pela cabeça – o mundo do jornalismo. No ano seguinte voltou a ser minha professora e eu decidi que queria era estudar Comunicação Social.
Na faculdade alguma vez imaginou que ia estar onde está hoje em termos profissionais?
Nunca. De tal forma que não escolhi a área da Televisão. Escolhi Marketing e Publicidade. Porque, para mim, a televisão tinha piada era à frente do ecrã. Eu nunca fui muito vaidosa, apenas o mínimo, mas achava que a magia era isso – conseguir comunicar com a câmara – e, como pensava que isso não estava ao alcance da minha pessoa, escolhi Marketing e Publicidade, de que sempre gostei muito e ainda gosto.
Também trabalhou na Imprensa e na rádio.
Comecei a trabalhar no segundo ano da faculdade para o ‘Diário Popular’, onde escrevia crónicas sobre teatro. Foi a minha experiência na Imprensa ao nível da escrita. Na mesma altura fui convidada pela rádio Minuto, já extinta. Quando acabei o curso trabalhei em grupos de Imprensa na área de Marketing e Publicidade, que era a minha.
E nessa altura começou a fazer televisão... Como foi isso?
O dr. Emídio Rangel, com quem eu tinha algumas reuniões porque a empresa na qual eu trabalhava tinha um contrato de exclusividade com a SIC, viu em mim características de apresentadora. Calculo que, na altura, as pessoas se tenham perguntado ‘porquê?’. E a resposta dele foi ‘eu sei’. E ainda bem que ele viu aquilo que ninguém via.
Surpreendeu-a?
Completamente. Eu até achei que ele estava a brincar comigo. Mas em decisões muito sérias como esta – em que há uma mudança total na vida das pessoas e em que a pessoa vai assumir um papel de responsabilidade, porque ser apresentadora numa estação é um papel de responsabilidade – ele não dá espaço para brincar e eu percebi isso depois. Ele sabia o que estava a dizer e estava convicto da sua escolha.
Foi apresentada como a ‘bomba da SIC’. Como é que...
Não fui apresentada como a ‘bomba da SIC’. Isso foi uma leitura errada da Imprensa. O dr. Emídio Rangel disse: ‘vai aparecer uma pessoa que surpreenderá pelas características e capacidade de se tornar uma boa apresentadora.’ Os jornalistas pegaram nisto, amassaram e traduziram ‘a bomba da SIC’, palavras que não saíram da boca dele.
Mesmo não tendo sido essa a expressão, aparece na SIC como a mulher bonita e acaba por transformar-se na amiga...
Aí é que está o equívoco. Ele nunca me apresentou como a mulher que vai surpreender pela sua beleza. Daí a leitura ser ainda mais precipitada e desadequada. Ele falou nas minhas características profissionais e como pessoa porque o facto de ter trabalhado algumas vezes comigo nos bastidores o tinha feito perceber o tipo de pessoa que eu era. Nunca se referiu à questão física. Disse ‘vamos ver como é que esta mulher comunica em televisão’ e foi uma coisa que se foi construindo porque uma pessoa, quando começa, não sabe nada.
Sente-se bem num programa que tem a sua cara, o seu nome?
Como peixe na água. É um programa muito heterogéneo, diversificado, com temas variados e registos muito variados também. Não é nada que eu faça com sacrifício. Se isso acontecesse era fácil para o espectador perceber. Quem está todos os dias em directo durante três horas acaba por tornar-se transparente. As pessoas conseguem detectar as nossas alterações, até de expressão, porque estão connosco muitas horas.
Costuma ser abordada como se a conhecessem pessoalmente?
O habitual é cumprimentarem-me como se fosse visita da casa. Às vezes até dizem a brincar: ‘a senhora não me conhece mas pertence à minha família’.
Lida bem com isso? Não é uma grande responsabilidade?
Lido muito bem. Tenho uma relação saudável com a popularidade porque as pessoas tratam-me bem. Não sinto qualquer tipo de constrangimento.
Não há diferenças entre ‘Fátima’, o programa, e Fátima, a mulher?
Não. Eu entro no ecrã como sou e saio como sou. Há quem goste, há quem não goste mas isto é como tudo na vida, não gostamos todos do mesmo.
Em ‘Fátima’ lida diariamente com situações de sofrimento humano. Consegue desligar?
No início era mais difícil mas depois aprendi. Nem sempre consigo mas, por norma, faço esse exercício ou, às tantas, eu própria estaria a precisar de ajuda porque, psicologicamente, não tinha capacidade de ‘digestão’ de tantos casos. Eu tenho de ter a capacidade de terminar um programa e dizer ‘dei o meu melhor, a equipa também, mas já está’. No dia seguinte tenho outras pessoas para ouvir e, se calhar, trazem uma situação ainda mais difícil.
Oprah Winfrey é uma das suas referências. Imagina-se a apoiar uma candidatura presidencial como ela fez agora, ajudando a eleger Barack Obama?
Nesta fase da minha vida não. É cedo. Tudo na vida tem um timing. Ela é uma apresentadora com muitos anos de carreira, não precisa de provar nada a ninguém e os Estados Unidos são um país onde é habitual as pessoas assumirem as suas escolhas políticas publicamente. Em Portugal é diferente. Tenho as minhas convicções e opiniões mas não as partilho publicamente.
Mas não se escusou a dar a sua opinião, por exemplo, acerca do ‘caso Esmeralda’. Como comenta as críticas de que foi alvo?
Fui criticada por ter uma opinião diferente da de algumas pessoas, mas eu sou uma mulher coerente, não tenho de andar ao sabor do ‘diz-que-disse’ nem das paixões das pessoas. Tenho uma opinião formada sobre o caso e assumo-a publicamente. Mas estamos a falar de uma causa e não do apoio a um político. Não é porque de repente aparecem mais pessoas do que antes a manifestar uma opinião contrária à minha que vou ao sabor da corrente. Eu tenho as minhas opiniões e não sou uma pessoa que mude de opinião porque ache que assim vão apreciar-me mais.
Escreveu sobre teatro e agora entra num filme, ‘Second Life’. Como correu?
Foi uma experiência. Gosto de encarar tudo o que me acontece como experiências que permitem conhecimento e desfrutar das situações. Muitas vezes as pessoas não conseguem atingir o equilíbrio porque não desfrutam dos momentos. Os momentos têm de ser desfrutados, é preciso aprender o que há a aprender e seguir em frente, sempre em frente, para trás não vale a pena.
Com uma vida tão ocupada, como encontra tempo para escrever?
Primeiro porque gosto muito de escrever, é um exercício de prazer e não uma obrigação, e depois porque eu sou, de facto, uma pessoa muitíssimo organizada. Organizo o tempo conforme a lista de prioridades que estabeleço. Se entro na semana que antecede os testes da minha filha podem vir cá pedir-me para fazer isto, aquilo ou aqueloutro que eu digo logo que não. É uma questão de afirmação. Quando uma pessoa se afirma os outros respeitam.
Neste livro há uma criança, ‘Luz’, que não se resigna. Identifica-se com ela?
Também se pegar nos dois livros anteriores e encontrar um discurso positivo, essa é a minha maneira de ver a vida. Seja na televisão, na vida real ou nos livros estou cá só para transmitir mensagens positivas. Não sou uma pessoa amarga, que viva virada para experiências que aconteceram, ou não, no passado. Penso que a vida é uma série de experiências da qual temos de retirar o maior número de ensinamentos possível e sempre com o objectivo traçado e nós a caminharmos nesse sentido. É assim que faz sentido viver. De outra maneira andamos aqui a apanhar bonés e isso não é o que quero para mim.
Essa é uma atitude sua ou que aprendeu?
Aprendi. Eu nunca fui uma pessoa negativa, os meus pais, graças a Deus, sempre me disseram ‘tu és capaz’ mas, para além disso, há 12 ou 13 anos comecei a frequentar cursos de desenvolvimento pessoal e percebi que é possível aprender a pensar e funcionar de outra maneira tal como se aprende o abecedário. É possível pormos a nossa cabecinha a trabalhar para nós e não contra nós.
Não gostava de fazer qualquer coisa completamente diferente na televisão?
Eu gosto sempre de ter oportunidade de fazer coisas diferentes e a SIC sabe disso. Não significa que tenha de abandonar o programa ‘Fátima’. Posso juntá-lo com projectos pontuais, como, aliás, já aconteceu, na direcção do Nuno Santos.
LUZ E QUIM
Depois de ‘Amar depois de Amar-te’ e ‘Um Pequeno Grande Amor’, Fátima Lopes apresenta ‘A Viagem de Luz e Quim’ (ed. A Esfera dos Livros). ‘Luz’ e ‘Quim’ são dois irmãos que, nos anos 50, enfrentam a pobreza e a estreiteza de horizontes. Mas ‘Luz’ acredita que uma vida melhor é possível. 'Quis partilhar a minha visão positiva da vida. Tantas pessoas que nasceram em situações adversas conseguiram fazer das suas vidas aquilo que, teoricamente, não se julgaria possível. Só que tiveram uma capacidade imensa de enfrentar desafios e ir à procura de melhor e melhor e melhor', afirma a autora, reconhecendo que este livro ‘fala’ tanto às crianças como aos adultos.
Nasceu no Barreiro a 13 de Maio. É por isso que se chama Fátima?
Sim. Mais do que dos meus pais, foi uma escolha dos meus avós maternos e paternos, que eram muito católicos. Eu também gosto muito do meu nome.
Quando era criança viveu em Moçambique. Tem memórias de África?
Tinha oito quando fui e onze quando regressei. Lembro-me de tudo – dos cheiros, das ruas, da escola, das brincadeiras, do clima... A passagem por África marcou-me. Tornou-me uma criança mais aberta, menos introvertida. Ter de adaptar-me a uma sociedade tão diferente teve efeito positivo. Fiquei com uma paixão imensa por Moçambique.
Como foi o regresso a Portugal?
Em 1980, as pessoas que estiveram em África – e nós já tínhamos ido depois da Independência, em 1977 – ainda continuavam a ser olhadas como retornadas. Havia muito preconceito. A integração escolar não foi fácil. Era tudo diferente e tive, mais uma vez, de fazer um enorme esforço de integração. Tudo se tornou mais fácil quando entrei para o atletismo. O desporto aproxima as pessoas e faz cair barreiras.
Alguma vez pensou em dedicar-se ao atletismo a sério?
Eu era velocista. Fiz competição durante muitos anos. Mas, quando entrei na faculdade, não era possível conciliar as duas coisas. Morava no Barreiro, a faculdade era em Lisboa, em competição os treinos são diários... E sempre tive consciência de que não seria uma grande atleta. Privilegiei a escola. Deixei a competição.
Queria ser professora de Inglês. O que a levou a escolher o curso de Comunicação Social?
Eu estava na área de Humanísticas, tinha a disciplina de Jornalismo e cruzei-me com uma professora fabulosa, a Helena Vieira. Era tão apaixonante a forma como dava as suas aulas que eu descobri algo que nunca me tinha passado pela cabeça – o mundo do jornalismo. No ano seguinte voltou a ser minha professora e eu decidi que queria era estudar Comunicação Social.
Na faculdade alguma vez imaginou que ia estar onde está hoje em termos profissionais?
Nunca. De tal forma que não escolhi a área da Televisão. Escolhi Marketing e Publicidade. Porque, para mim, a televisão tinha piada era à frente do ecrã. Eu nunca fui muito vaidosa, apenas o mínimo, mas achava que a magia era isso – conseguir comunicar com a câmara – e, como pensava que isso não estava ao alcance da minha pessoa, escolhi Marketing e Publicidade, de que sempre gostei muito e ainda gosto.
Também trabalhou na Imprensa e na rádio.
Comecei a trabalhar no segundo ano da faculdade para o ‘Diário Popular’, onde escrevia crónicas sobre teatro. Foi a minha experiência na Imprensa ao nível da escrita. Na mesma altura fui convidada pela rádio Minuto, já extinta. Quando acabei o curso trabalhei em grupos de Imprensa na área de Marketing e Publicidade, que era a minha.
E nessa altura começou a fazer televisão... Como foi isso?
O dr. Emídio Rangel, com quem eu tinha algumas reuniões porque a empresa na qual eu trabalhava tinha um contrato de exclusividade com a SIC, viu em mim características de apresentadora. Calculo que, na altura, as pessoas se tenham perguntado ‘porquê?’. E a resposta dele foi ‘eu sei’. E ainda bem que ele viu aquilo que ninguém via.
Surpreendeu-a?
Completamente. Eu até achei que ele estava a brincar comigo. Mas em decisões muito sérias como esta – em que há uma mudança total na vida das pessoas e em que a pessoa vai assumir um papel de responsabilidade, porque ser apresentadora numa estação é um papel de responsabilidade – ele não dá espaço para brincar e eu percebi isso depois. Ele sabia o que estava a dizer e estava convicto da sua escolha.
Foi apresentada como a ‘bomba da SIC’. Como é que...
Não fui apresentada como a ‘bomba da SIC’. Isso foi uma leitura errada da Imprensa. O dr. Emídio Rangel disse: ‘vai aparecer uma pessoa que surpreenderá pelas características e capacidade de se tornar uma boa apresentadora.’ Os jornalistas pegaram nisto, amassaram e traduziram ‘a bomba da SIC’, palavras que não saíram da boca dele.
Mesmo não tendo sido essa a expressão, aparece na SIC como a mulher bonita e acaba por transformar-se na amiga...
Aí é que está o equívoco. Ele nunca me apresentou como a mulher que vai surpreender pela sua beleza. Daí a leitura ser ainda mais precipitada e desadequada. Ele falou nas minhas características profissionais e como pessoa porque o facto de ter trabalhado algumas vezes comigo nos bastidores o tinha feito perceber o tipo de pessoa que eu era. Nunca se referiu à questão física. Disse ‘vamos ver como é que esta mulher comunica em televisão’ e foi uma coisa que se foi construindo porque uma pessoa, quando começa, não sabe nada.
Sente-se bem num programa que tem a sua cara, o seu nome?
Como peixe na água. É um programa muito heterogéneo, diversificado, com temas variados e registos muito variados também. Não é nada que eu faça com sacrifício. Se isso acontecesse era fácil para o espectador perceber. Quem está todos os dias em directo durante três horas acaba por tornar-se transparente. As pessoas conseguem detectar as nossas alterações, até de expressão, porque estão connosco muitas horas.
Costuma ser abordada como se a conhecessem pessoalmente?
O habitual é cumprimentarem-me como se fosse visita da casa. Às vezes até dizem a brincar: ‘a senhora não me conhece mas pertence à minha família’.
Lida bem com isso? Não é uma grande responsabilidade?
Lido muito bem. Tenho uma relação saudável com a popularidade porque as pessoas tratam-me bem. Não sinto qualquer tipo de constrangimento.
Não há diferenças entre ‘Fátima’, o programa, e Fátima, a mulher?
Não. Eu entro no ecrã como sou e saio como sou. Há quem goste, há quem não goste mas isto é como tudo na vida, não gostamos todos do mesmo.
Em ‘Fátima’ lida diariamente com situações de sofrimento humano. Consegue desligar?
No início era mais difícil mas depois aprendi. Nem sempre consigo mas, por norma, faço esse exercício ou, às tantas, eu própria estaria a precisar de ajuda porque, psicologicamente, não tinha capacidade de ‘digestão’ de tantos casos. Eu tenho de ter a capacidade de terminar um programa e dizer ‘dei o meu melhor, a equipa também, mas já está’. No dia seguinte tenho outras pessoas para ouvir e, se calhar, trazem uma situação ainda mais difícil.
Oprah Winfrey é uma das suas referências. Imagina-se a apoiar uma candidatura presidencial como ela fez agora, ajudando a eleger Barack Obama?
Nesta fase da minha vida não. É cedo. Tudo na vida tem um timing. Ela é uma apresentadora com muitos anos de carreira, não precisa de provar nada a ninguém e os Estados Unidos são um país onde é habitual as pessoas assumirem as suas escolhas políticas publicamente. Em Portugal é diferente. Tenho as minhas convicções e opiniões mas não as partilho publicamente.
Mas não se escusou a dar a sua opinião, por exemplo, acerca do ‘caso Esmeralda’. Como comenta as críticas de que foi alvo?
Fui criticada por ter uma opinião diferente da de algumas pessoas, mas eu sou uma mulher coerente, não tenho de andar ao sabor do ‘diz-que-disse’ nem das paixões das pessoas. Tenho uma opinião formada sobre o caso e assumo-a publicamente. Mas estamos a falar de uma causa e não do apoio a um político. Não é porque de repente aparecem mais pessoas do que antes a manifestar uma opinião contrária à minha que vou ao sabor da corrente. Eu tenho as minhas opiniões e não sou uma pessoa que mude de opinião porque ache que assim vão apreciar-me mais.
Escreveu sobre teatro e agora entra num filme, ‘Second Life’. Como correu?
Foi uma experiência. Gosto de encarar tudo o que me acontece como experiências que permitem conhecimento e desfrutar das situações. Muitas vezes as pessoas não conseguem atingir o equilíbrio porque não desfrutam dos momentos. Os momentos têm de ser desfrutados, é preciso aprender o que há a aprender e seguir em frente, sempre em frente, para trás não vale a pena.
Com uma vida tão ocupada, como encontra tempo para escrever?
Primeiro porque gosto muito de escrever, é um exercício de prazer e não uma obrigação, e depois porque eu sou, de facto, uma pessoa muitíssimo organizada. Organizo o tempo conforme a lista de prioridades que estabeleço. Se entro na semana que antecede os testes da minha filha podem vir cá pedir-me para fazer isto, aquilo ou aqueloutro que eu digo logo que não. É uma questão de afirmação. Quando uma pessoa se afirma os outros respeitam.
Neste livro há uma criança, ‘Luz’, que não se resigna. Identifica-se com ela?
Também se pegar nos dois livros anteriores e encontrar um discurso positivo, essa é a minha maneira de ver a vida. Seja na televisão, na vida real ou nos livros estou cá só para transmitir mensagens positivas. Não sou uma pessoa amarga, que viva virada para experiências que aconteceram, ou não, no passado. Penso que a vida é uma série de experiências da qual temos de retirar o maior número de ensinamentos possível e sempre com o objectivo traçado e nós a caminharmos nesse sentido. É assim que faz sentido viver. De outra maneira andamos aqui a apanhar bonés e isso não é o que quero para mim.
Essa é uma atitude sua ou que aprendeu?
Aprendi. Eu nunca fui uma pessoa negativa, os meus pais, graças a Deus, sempre me disseram ‘tu és capaz’ mas, para além disso, há 12 ou 13 anos comecei a frequentar cursos de desenvolvimento pessoal e percebi que é possível aprender a pensar e funcionar de outra maneira tal como se aprende o abecedário. É possível pormos a nossa cabecinha a trabalhar para nós e não contra nós.
Não gostava de fazer qualquer coisa completamente diferente na televisão?
Eu gosto sempre de ter oportunidade de fazer coisas diferentes e a SIC sabe disso. Não significa que tenha de abandonar o programa ‘Fátima’. Posso juntá-lo com projectos pontuais, como, aliás, já aconteceu, na direcção do Nuno Santos.
LUZ E QUIM
Depois de ‘Amar depois de Amar-te’ e ‘Um Pequeno Grande Amor’, Fátima Lopes apresenta ‘A Viagem de Luz e Quim’ (ed. A Esfera dos Livros). ‘Luz’ e ‘Quim’ são dois irmãos que, nos anos 50, enfrentam a pobreza e a estreiteza de horizontes. Mas ‘Luz’ acredita que uma vida melhor é possível. 'Quis partilhar a minha visão positiva da vida. Tantas pessoas que nasceram em situações adversas conseguiram fazer das suas vidas aquilo que, teoricamente, não se julgaria possível. Só que tiveram uma capacidade imensa de enfrentar desafios e ir à procura de melhor e melhor e melhor', afirma a autora, reconhecendo que este livro ‘fala’ tanto às crianças como aos adultos.
fonte: site CM
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