Sandra Barata Belo em entrevista

Até 2009 Sandra Barata Belo era uma actriz praticamente desconhecida do grande público. No ano passado, o papel de Amália Rodrigues, no filme dedicado à diva do Fado, deu-lhe um Globo de Ouro e a exposição pública. A actriz pode ser vista actualmente noutro registo, na novela da SIC "Perfeito Coração".
Este último ano foi o da sua consagração como actriz?
Houve trabalhos mais pequenos que fiz, não tão mediáticos que me deram imenso prazer. Agora, tendo em vista uma perspectiva de uma careira mais solidificada de actriz, que passa por esse reconhecimento do público, então sim.
Ainda sente os efeitos de ter interpretado Amália?
Acho que vou sentir sempre. É uma coisa que não vai desaparecer. Há personagens que nos marcam. E a mim, sem dúvida que será Amália.
Que papel lhe trouxe mais notoriedade junto do grande público, o de Amália ou agora o de "Leonor" na novela da SIC, "Perfeito Coração"?
Amália trouxe-me um lugar de prestígio. "Leonor" vem mais ao encontro do grande público. Também acho que as duas juntas dão para perceber que eu consigo ser uma actriz minimamente versátil. Que faço o papel de uma Amália que é um ícone nacional, um trabalho de época que obriga àquela composição de personagem. E depois interpreto uma personagem mais actual, mais dramática, em alguns momentos.
O que aprendeu com cada uma?
Uma coisa é cinema outra é televisão. No cinema aprendi a trabalhar mais com o olhar e com o detalhe. Tive longas conversas com o realizador e com os outros actores. É um processo mais intimista em que se questiona as coisas, mais à semelhança do teatro. Na novela não deixo de questionar, mas são muitas as cenas feitas diariamente e não há uma preparação como eu gostaria. Se bem que na SP Televisão, que é a produtora da novela, tivemos quatro semanas de ensaios o que deu para interiorizar bastante as relações (entre personagens).
Além da novela também a vimos recentemente no cinema, no filme "Uma Aventura na Casa Assombrada". É mais gratificante representar para o público infantil?
A sala responde em uníssono, quer seja em cinema, quer seja em teatro. Estou habituada a fazer teatro infantil e o público é muito expontâneo. Mas não faço grande distinção para os públicos. Quando recebo as peças, ou o guião neste caso, já sei do que se trata. A "Bárbara", de "Uma Aventura" pertencia aos "maus" e nesse universo há sempre umas personagens que tocam o irrisório e o surreal. São personagens cómicas. A "Bárbara" é uma má, mas é quase um boneco. Foi giro, porque gosto de fazer todo o tipo de trabalhos.
Numa conversa anterior com o JN disse que queria ter uma "carreira atípica". Continua com vontade de experimentar vários géneros?
Sim. Eu gosto de fazer muitas coisas. Há dez anos que sou actriz, tenho feito muitos trabalhos e só agora é que o grande público me conhece. Tenho feito sempre coisas diferentes e gosto de tudo e se calhar não nasci no país certo. Acho que durante muito tempo fui um bocado julgada por fazer tudo. Em Portugal senti que por saber fazer malabarismo não poderia ser considerada actriz, porque os actores não fazem esse tipo de coisas. Não estou a dizer que hoje as coisas sejam assim. Talvez eu as percebesse assim porque era muito nova e mais explosiva.
Onde iniciou a sua formação como actriz?
Foi no Chapitô. Fiz os três anos. E depois, sempre que posso, faço formação. No ano passado estive a fazer um curso de técnica da máscara com Filipe Crawford. Este ano, em Fevereiro, vou fazer um workshop com Robert Castle, um norte-americano que vem cá ensinar técnicas e método. É importantíssimo para um actor estar constantemente a fazer formação.
Além da formação que outros projectos tem para o futuro?
Vou fazer teatro, mas não posso falar ainda muito sobre isso.
As pessoas já a começaram a abordar na rua? É-lhe difícil esse contacto?
Não, não é difícil. Obviamente que há dias em que estou mais com os meus pensamentos e não tenho tanta disponibilidade para as pessoas como gostaria de ter. Mas, normalmente, são muito agradáveis e vêm-me dizer coisas lindíssimas. Dão-me força e os parabéns. E gostam imenso da "Leonor" e da Amália. E é muito giro porque associam as duas. Nós não somos nada sem o reconhecimento do público. Mais do que qualquer outra coisa, nós trabalhamos para o público e é maravilhoso.
fonte: site JN

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