Em Laços de Sangue Diana Chaves é Inês

O início da aliança entre a SIC e a TV Globo vai muito além da participação de actores como Susana Vieira na novela ‘Laços de Sangue’, que estreia em Setembro.
Actores e guionistas receberam orientações de profissionais brasileiros como Laís Corrêa e Aguinaldo Silva, que contribuíram com o seu conhecimento na arte de fazer novelas. O resultado, garantem, vai diferenciar-se da oferta da concorrência. "O método de trabalho é muito diferente", diz à Correio TV Diana Chaves, que interpreta Inês Nogueira, a heroína da novela. "Temos uma directora de actores fabulosa e mesmo ao nível do guião, a novela tem muita acção. O ritmo vai deixar as pessoas agarradas à história", acrescenta a actriz.
As gravações de ‘Salve-se Quem Puder’ empurraram-na para o fim da lista de actores a receberem os ‘ensinamentos’ de Laís Corrêa, convidada pela Globo para preparar o elenco de ‘Laços de Sangue’, ao lado das portuguesas Carla Chambel e Inês Rosado. A ‘coach’ ajudou Diana Chaves a libertar o seu lado emocional.
"Ela foi atleta e o seu código de conduta é completamente diferente do das outras pessoas. Foi ensinada a congelar as emoções e a pensar como uma campeã. Eu tive que ensiná-la a derreter isso. Por outro lado, também é uma pessoa muito humilde", adianta Laís Corrêa, que trabalhou com todo o elenco, primeiro individualmente, depois com os casais e, por fim, com os núcleos. "Para mim não existem protagonistas. Trabalhei com todos da mesma forma, e também fiz questão de acompanhar as primeiras gravações." Actriz e bailarina, a directora de actores trabalha "a personalidade da personagem", um método comum no Brasil, mas inédito em Portugal. "Trabalho muito a linguagem corporal, pois é aí que se lê a personalidade, as sensações e as emoções. O texto vem depois", explica a ‘coach’, que está de partida para o Brasil, após dois meses em Portugal.
"Durante esse pouco tempo que tive, tentei que recordassem a base do que é ser actor. Tal como os atletas, que precisam de diferentes tipos de aquecimento consoante a sua modalidade, também os artistas têm de aquecer o corpo, a voz e a emoção. E como é que isso se faz? Com exercícios, recordando sensações."
Um dos desafios de Laís Corrêa foi tornar a relação entre Inês e João, interpretados por Diana Chaves e Diogo Morgado, credível. Os dois actores nunca tinham contracenado juntos e, na novela, a sua relação já é sólida. "Eles têm de transmitir intimidade, não apenas através do toque, mas também do simples olhar. Quando olham um para o outro, as pessoas têm de sentir que existe uma vivência entre eles", explica a artista, que não tem dúvidas quanto à química entre os actores, que estiveram recentemente no Brasil a gravar.
"O primeiro ensaio que eles fizeram foi lindo. O Diogo tem mais experiência do que a Diana na representação, mas está sempre pronto a ajudar. É muito generoso." Sobre os actores que mais a surpreenderam, Laís Corrêa destaca Joana Santos, que veste a pele de Diana, a vilã da história: "Ela tem um papel muito difícil e surpreendeu-me pelo seu à-vontade."
Já Joana Santos não poupa elogios ao trabalho da professional. "A Laís é uma mais-valia para nós na preparação do papel. É um toque muito especial. Ensinou-nos a trabalhar as emoções. Depois, no desenrolar da novela, vamos apurar a personagem." Carla Chambel, que se estreia como directora de actores em ‘Laços de Sangue’, afirma que a artista brasileira "trouxe novas ferramentas. Ela dá objectivos, pensamentos a cada actor para que estes criem um segundo texto dentro da sua cabeça. E isso ajuda-o a manter a verdade da personagem e a descobrir o seu interior."
Mas não é só ao nível de direcção de actores que o know-how dos profissionais da TV Globo intervém. O argumentista Aguinaldo Silva supervisionou os textos de ‘Laços de Sangue’ e também ele garante que a novela vai marcar pela diferença, tanto na linguagem, "que é mais coloquial, realista, calcada no modo como os portugueses falam e se movimentam", como na temática, "que acompanha tudo aquilo de que se fala na sociedade portuguesa." O autor diz que "a novela está a ser pensada de forma a que os telespectadores se considerem íntimos do universo que ela retrata. Essa proximidade imediatada com o público é a grande novidade."
Autor de êxitos como ‘Tieta’ e ‘Carga Pesada’ (a exibir na RTP 1), Aguinaldo Silva diz que a sua contribuição é puramente técnica. "Sou um conversador. Em ‘Laços de Sangue’ não haverá tempos mortos. Cada cena tem importância capital", sublinha o argumentista, que também aprendeu coisas novas com a equipa portuguesa. "No Brasil temos tendência para carregar nas tintas do melodrama. Os guionistas portugueses são mais contados e estou a aprender com eles essa virtude."
Diogo Morgado, o herói romântico da história, também se mostra satisfeito com a nova metodologia de trabalho. "Alguns achavam que esta parceria com a TV Globo iria descaracterizar a novela e até agora, pelo que li, concluo que é uma história bem portuguesa e fantástica. E noto uma melhoria, as coisas estão mais claras, os capítulos são muito esclarecedores, os estratos sociais bem definidos." *Com E.R.
ESTREIA COMO PROTAGONISTA: DE NADADORA A ROSTO DA TV
Aos 29 anos, Diana Chaves estreia-se como protagonista em ‘Laços de Sangue’, telenovela gravada em Viana do Castelo, Lisboa, assim como no Rio de Janeiro e na Amazónia. A actriz, que já praticou natação de alta competição, faz de Inês, noiva de João, médico que corre Mundo em acções humanitárias. A relação é posta à prova quando entra em cena a vilã Diana, que só pensa em poder e dinheiro.
PERFIL: ACTRIZ E BAILARINA CLÁSSICA
Laís Corrêa, 44 anos, foi bailarina clássica. Hoje é actriz, coreógrafa e ‘coach’ na área da representação. É a primeira vez que dirige actores numa novela, pois tem experiência de cinema: "Não resisti à oportunidade de trabalhar com portugueses."
PERFIL: DE REPÓRTER A AUTOR DE NOVELAS
Aguinaldo Silva, 66 anos, é um dos argumentistas mais conceituados do Brasil. A experiência como repórter de polícia fez com que a TV Globo o convidasse, em 1979, para escrever a série ‘Plantão de Polícia’. Homossexual assumido, é autor de novelas como ‘Roque Santeiro’ e ‘Duas Caras’.
JN

Comentários