A responsável da roupa das caras da SIC

Se pensa que a roupa que se veste é um assunto frívolo, sem importância, faça uma pesquisa sobre a T-shirt preta e justa de Anderson Cooper, o super-repórter da CNN. Ou siga a discussão acerca do corte de cabelo de Hillary Clinton. Ou pense em algumas das razões por que Mad Men é uma série de culto. Ou veja o reality show de Rachel Zoe, a stylist que produz a imagem de Nicole Kidman ou Cameron Diaz na passadeira vermelha. Chegará a uma questão inesgotável: o que é que se comunica através da imagem?
Helena Carmona é fã de Mad Men, aprecia o estilo cuidado de Hillary Clinton. Fez com que a parceria de Bárbara Guimarães e José António Tenente ou a de Catarina Furtado e Nuno Baltazar acontecessem e funcionassem. É responsável desde a fundação da SIC pela imagem dos profissionais da estação (informação e entretenimento).
Nesta entrevista, fala da roupa que se veste, do corte de cabelo, de como isso importa. As audiências confirmam-no. Os profissionais de televisão sabem-no - os políticos também. Os anunciantes compram essa atenção, a economia imiscui-se no que apenas parecia ser um certo vermelho no vestido.
É uma mulher discreta, que se licenciou em Filosofia na Universidade Clássica de Lisboa e fez o curso de Design de Moda no IADE. Um dia, decidiu que não queria passar o resto da vida fechada numa sala de aulas.
Como é que se cria uma imagem que seja forte?
Estamos a falar de uma imagem para televisão? É completamente diferente se falamos de um cliente particular que vem ter comigo a dizer que quer mudar de imagem ou retrabalhar a sua imagem. Em televisão, como em tudo o que é espectáculo, as coisas são mais fabricadas para aquele momento, aquele público, aquele cenário, aquele horário. Temos de considerar um número vasto de itens. A imagem de um pivot de informação ou apresentador de televisão no momento em que está a trabalhar pode ser completamente diferente daquilo que ele é quando sai do palco, do ecrã. Muitas vezes, as pessoas estão na rua, de jeans, desmaquilhadas, e não as reconhecem. "Ah, a menina é tão diferente do que é na televisão."
Esse elemento de fantasia, em televisão, é assumido. O ideal é que não haja um grande desfasamento entre a imagem televisiva e a identidade daquele que comunica fora do palco?
O que se tenta é não corromper essa identidade. Cada pivot é patrocinado por uma marca e no momento de a escolher tento que ela coincida com aquela personalidade (que já conheço, de conversas anteriores à escolha da marca, e que são importantes para que a pessoa não esteja com uma farda que não tem nada que ver com ela). Os pivots e apresentadores não estão contrariados, a usar uma coisa que os violenta, que os incomoda, com a qual não se identificam. Esse é outro item a considerar: a pessoa sentir-se bem.
Procura-se elaborar uma imagem que passe coisas como credibilidade, seriedade, maturidade, jovialidade... Como é que isso se faz através da roupa, ou do corte da cabelo, ou da maquilhagem?
Parece uma ironia dizer que isso se consegue com tempo (porque trabalhar em televisão significa trabalhar muito depressa e contra o tempo). Uma imagem não é só a roupa. É o corte de cabelo, os óculos, os cuidados com o corpo (fazer uma dieta, ginástica). Tudo isso precisa de tempo. A solução é: vamos criar esta imagem o melhor possível para o arranque, e depois vamos fazer experiências, as coisas vão evoluindo. No cabelo, fazem-se muitas experiências, de corte, de cor, ao longo do período em que a pessoa está no ar, ou nos três ou seis meses que dura o programa.

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