A estreia de Manuela Moura Guedes na SIC, que marca o seu regresso à televisão, é aguardada com expectativa. O formato não é ainda conhecido, mas este pode ser sinónimo de boas audiências para a estação de Carnaxide segundo especialistas ouvidos pelo JN.
Após uma paragem de mais de um ano, Manuela Moura Guedes prepara o seu regresso ao ecrã, desta vez na SIC. Do formato ainda pouco se sabe. Apenas que será semanal, emitido em horário nobre e sobre temas da actualidade.
Se servirá de contra-poder ao poder político as opiniões ouvidas pelo JN não são unânimes. Mas há uma certeza: a contratação da jornalista foi uma boa aposta da estação e deverá trazer a Carnaxide as audiências desejadas.
"O aparecimento de um formato informativo é sempre boa notícia", considera Felisbela Lopes, lamentando o desaparecimento da informação não diária do canal generalista da estação.
Na opinião da professora da Universidade do Minho, "ao contrário daquilo que os directores de programas acham", a informação em horário nobre tem audiência "como toda a década de 90 comprovou".
Juntando este dado ao facto de se tratar de um "formato conduzido por uma jornalista com um registo polémico", parece não haver dúvidas, para a investigadora da área dos média, de que se irão conseguir bons resultados. "A SIC não pode correr riscos em horário nobre. Com certeza que ponderaram todas as variáveis", explica Felisbela Lopes.
Igualmente no entender do crítico de televisão, Eduardo Cintra Torres, esta contratação dará os frutos desejados. "Ir buscar uma pessoa que tinha audiência é uma boa aposta", frisa. Quanto ao formato mais adequado, o docente antevê que "não será um programa habitual".
E concretiza: "Tipo magazine noticioso, que escape um pouco à agenda e vai procurar fazer o jornalismo de contra-poder que já era feito no 'Jornal Nacional de 6.ª' e que me parece que faz falta, independentemente de se apreciar ou não o estilo".
Também Felisbela Lopes utiliza a expressão "contra-poder" para caracterizar o formato, por vivermos um "contexto político tenso que ainda o vai ser mais no próximo ano". E acrescenta: "Há alguma expectativa em relação à linha editorial e ao campo que o programa vai explorar. Se seguir a actualidade política, não será inócuo".
Contratação igual à de Marcelo
Já o politólogo José Adelino Maltez desvaloriza o termo. "A comunicação social não é contra-poder, é poder. Todos os chamados contra-poderes são poderes, inclusive as forças de bloqueio".
Em relação à contratação de Moura Guedes, o investigador compara-a às de Marcelo Rebelo de Sousa (TVI) e de Miguel Sousa Tavares (SIC). "O habitual tem sido contratações deste tipo de espectáculo", ironiza, recordando que Manuela Moura Guedes já foi deputada pelo CDS, na liderança de Manuel Monteiro, e que o primeiro-ministro, José Sócrates, "foi lançado no espaço mediático" como comentador televisivo.
Sublinhando ser difícil de prever o tipo de formato, Adelino Maltez recorre às leis do mercado para antever resultados. "Há oferta, há procura. E independentemente de alinharmos ou não com o tipo de informação, é este sistema de balança de poderes é que impede a concentração de cada um deles".
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