António Teixeira em entrevista na semana em que temos uma SIC Notícias itinerante

A equipa da "Edição da Manhã", da SIC Notícias, está hoje na estação de S. Bento, no Porto. Assim começa a grelha especial de uma semana com que se celebra o aniversário do primeiro canal de notícias nacional, em que poucos acreditavam, cuja sobrevivência era vista com desconfiança num país de pequenas dimensões.
Haveria notícias para uma emissão em contínuo?
Dez anos depois (dia 8), inaugurar-se-á um novo estúdio, equipado para proporcionar simultaneidade entre três decórs, anunciou António José Teixeira. Se há algo de que esta estação se orgulha é dos desconhecidos a que deu visibilidade, refere o director da estação. E, por isso, os comentadores ali nascidos vão ter ali uma rubrica.
Na apresentação dos programas relativos ao aniversário, falou-se numa maior aposta na proximidade. O jornalismo tem de abandonar o tom mais formal?
A proximidade é um exercício diário. E, por isso, um desafio contínuo. Há 10 anos, a SIC Notícias fez uma revolução na televisão em Portugal. Aproximou os acontecimentos dos espectadores, dedicou-lhes atenção permanente. Esse continua a ser o desafio. Agora tirando partido de outras plataformas. Não somos adeptos de formalismos excessivos. Queremos que o nosso discurso se aproxime do discurso comum dos espectadores. O nosso tom é urbano, informal, fluente, simples, sem ser simplista. Gostamos de descomplicar e não de complicar.
A RFM começou a tratar os ouvintes por "tu". Pode ser esse o caminho?
Não necessariamente. O espectador merece-nos o maior respeito.
Entre os programas criados para assinalar a década, qual destaca?
Nenhum. Destaco todos os que connosco partilham a sua inteligência e sensibilidade. Mas desta vez há uma 'figura' em destaque: o novo estúdio que vai permitir outra dinâmica.
Considera que a SIC Notícias consegue reflectir o que se passa no país?
Fazemos por isso. Uns dias conseguimos melhor, outros nem tanto. No geral, damos uma imagem razoavelmente aproximada do país que somos.
Em relação aos comentadores, está representada a vida intelectual nacional? Que mudanças haverá?
Está. Mas queremos alargar a nossa massa crítica. Muitos nomes ganharam notoriedade no país, não apenas pelo seus méritos, mas também pela sua participação na SIC Notícias. Orgulhamo-nos disso. Estamos sempre à procura de novos talentos, vozes livres, descomprometidas, com pensamento próprio. São as que mais nos interessam. Haverá novidades em breve.
Depois de 10 anos, acha que está na altura de fazer grandes ajustes?
Há que reforçar a nossa dinâmica de emissão, cativar outros públicos e fazer crescer a nossa circulação nas redes sociais.
A seu ver, o que conseguiu provar este projecto de notícias?
Conseguiu provar que o rigor, a independência, a irreverência e o sentido crítico compensam. Por isso dizemos: «O Mundo mudou. Nós não.» Não mudaram, obviamente, os nossos valores. São a nossa garantia de confiança.
Foi inevitável a entrada em antena de programas sem carácter informativo?
Há vários ritmos informativos e uma preocupação em diversificar a oferta. A informação tem um sentido lato e variado. Vai da tecnologia, da ciência, à saúde, ao desporto. Temos um pouco da nossa vida espelhada na SICN.
O êxito do canal prova também o gosto dos portugueses pela Informação.
Porque os portugueses se informam predominantemente pela televisão. Histórica e culturalmente assim tem sido. E porque reconhecem qualidade e credibilidade à oferta da SIC Notícias.
Os conteúdos adaptados aos novos tablets são agora a preocupação dos directores. Concorda?
São plataformas a ter em conta. Têm uma qualidade de leitura, uma capacidade de acesso a uma diversidade de conteúdos, e uma portabilidade fantásticas.
Esmorecerá a TV por causa deles?
Não. Terá de os saber aproveitar para melhorar o seu próprio dispositivo de comunicação.
Como se poderá tornar rentável essa estratégia?
Ninguém terá respostas cabais. Mas se a utilidade for reconhecida pelo consumidor haverá negócio.
Se não houvesse constrangimentos de natureza económica, como seria a "sua" SIC Notícias?
Uma estação mais global... Mas há sempre constrangimentos. O essencial é prosseguirmos livres e independentes. O êxito depende disso.
JN

Comentários