Daniel Oliveira em entrevista

Estamos mais habituados a vê-lo fazer perguntas do que a dar respostas... Mas abriu uma excepção e falou sobre a sua vida profissional. Daniel Oliveira em entrevista
Aos 30 anos tem um curriculum preenchido de muitos sucessos profissionais e orgulha-se disso. Mesmo que nunca o tenhamos visto chorar, comove-se muitas vezes no decorrer das entrevistas porque, como defende, a comoção não tem de ser consubstanciada em lágrimas. Coordena 13 mulheres de fazer cortar a respiração na sua equipa e na vida é apaixonado pela bela Andreia Rodrigues, apresentadora do Fama Show.

Com 16 anos já entrevistava jogadores e jornalistas à porta da SIC para o jornal que fazia sozinho. Alguma vez imaginou chegar onde está hoje?
Não, nunca, e isso ajuda-me a ser racional quando olho para o que me aconteceu nestes anos. Nunca dou nada por adquirido, muitas vezes estou a entrevistar pessoas que admiro e lembro-me da forma como elas me eram tão distantes quando eu apenas as via na televisão. Essa perspectiva faz-me valorizar cada momento que eu vivo hoje.

Já o acusaram de bajular jogadores e clubes para conseguir entrevistas. O que sente quando ouve este tipo de coisas?
Que se comente nas redacções ou nos meandros jornalísticos talvez até entenda, sei o que essas entrevistas provocam. Mas um comentário desses, além de não me condicionar, faz-me sempre lembrar as bailarinas que não conseguem fazer o passo e depois dizem que a sala é que está torta. Não me parece que os espectadores que estão em casa a ver os programas que faço tenham essas questões na cabeça.

E quando dizem que as suas entrevistas são lamechas?
Quais delas? A do Jel? A do Futre, que foi rir do princípio ao fim? A do Rouxinol Faduncho? José Raposo? Fernando Mendes? Essa apreciação é maliciosamente redutora. Eu considero que uma das formas mais genuínas de definir uma pessoa - e o programa é disso que se trata - é perceber de que forma é que ela descodifica as questões mais fraturantes da sua vida, de que forma é que esses momentos a fizeram crescer ou mudar. Ora, isso leva algumas pessoas a emocionar-se, mas isso é apenas a verdade daquelas respostas e daquelas perguntas a acontecer. Nada mais.


O que sentiu quando "Os Contemporâneos" o imitaram, "És feliz, migo?"
Adorei, devo ter sido a primeira pessoa a enviar os parabéns ao Bruno Nogueira e o próprio pode testemunhar isso. É um humorista com um talento enorme, eu considero que a imitação pode ser, e neste caso - como no caso do Manuel Marques, no Herman, ou do Joaquim Monchique, no Estado de Graça - foi um sinal de reconhecimento por aquilo que eu faço.

Considera-se "repórter, escritor, jornalista, produtor, coordenador e apresentador". Como consegue dar conta de tanto recado?
Com disciplina, com método, mas acima de tudo com paixão. Muitas das vezes eu não sinto, apesar das responsabilidades e dos problemas, que aquilo que estou a fazer seja o meu trabalho. Gosto mesmo disto.

É autor e coordenador de Fama Show e autor e apresentador de Alta Definição. Trabalha quantas horas por dia?
Depende dos dias, depende das semanas. Ainda temos de somar a esses, a coordenação do E-Especial, que são programas cujas especificidades vão muito além do que é expectável e das quais a equipa onde trabalho não abdicamos. O facto de não nos acomodarmos aos resultados, de investirmos sempre tudo o que sabemos em cada programa tem um preço, sobretudo um preço de dedicação e empenho. Nunca menos de 8 horas e muitas vezes mais de 15.

São os seus convidados que escolhem habitualmente o local das entrevistas. Qual foi o local escolhido por eles que mais o surpreendeu?
Há locais em que tecnicamente não é possível gravar e são boas ideias que ficam pelo caminho, mas gostei muito de fazer a entrevista ao João Ricardo, dentro de uma piscina do Clube Nacional de Natação.

Só chorou no sketch do Gato Fedorento ou já se comoveu com os seus entrevistados?
Sim, ainda que a comoção não tenha de ser consubstanciada em lágrimas. E não tenho problema algum em que isso se perceba. Eu estou a sentir a conversa tal como o espectador a sente, mas com outras preocupações em simultâneo, uma vez que tenho de fazer a pergunta seguinte ou estou a projetar de que forma é que determinado momento será editado, por exemplo.

Em 2008 saiu da RTP para a SIC. O balanço da mudança continua a ser positivo?
As opções que tenho tomado têm sido em consciência, o caminho que tenho feito na SIC deixa-me muito orgulhoso, o balanço é positivo, claro.

Ganhou este ano, pelo segundo ano consecutivo, o prémio de Melhor Programa Social da revista TV7 Dias. É um reconhecimento ou os prémios valem o que valem?
O programa não seria pior se não ganhasse e não passou a ser melhor com a vitória, é óbvio que sabe bem, mas, como diz o Nuno Santos, em televisão ontem já foi há muito tempo.

É verdade que queria ser jogador de futebol quando era miúdo?
Sim, foi um sonho que ficou pelo caminho. E ainda bem, sinto-me mais realizado a fazer o que faço.

Vai ao ginásio todos os dias. Pela sua saúde ou pela sua imagem?
Vou de forma assídua, mas longe de ser todos os dias. Vou acima de tudo porque considero essencial para a saúde, mas igualmente para me sentir bem comigo.

Também tem cuidados com a alimentação?
Sim, também.

Só não resiste ao arroz doce da sua avó?
Sim, é uma das tentações a que cedo.

É capaz de preparar um petisco para os seus amigos?
Eu na cozinha só faço sala.

Qual é o seu maior sonho?
Ler todos os livros que tenho em casa e os que ainda vou ter.

Soube há pouco tempo que é neto em 15º grau do Gil Vicente. Ficou surpreendido com o resultado dessa pesquisa?
Fiquei surpreendido sim, sempre tive curiosidade em saber quem me antecedeu na minha família para além do conhecimento que eu tinha. E foi, de facto, uma grande surpresa, não muito mais do que isso.

Quem é que ainda não teve no programa e gostava de ter?
Todos os que se seguirão aos que já vieram. Não temos convidados que não queiramos ter.

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