Sobreviventes sobre o P.A.I.G.C.

Uma reportagem de Lúcia Gonçalves
As vidas de Duarte Fortunato, António Teixeira, Manuel Vidal e António Baptista cruzaram-se na prisão da Guiné Conacri, quando decorria a guerra colonial. 
O 1º cabo Duarte Dias Fortunato foi capturado pelas tropas do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde no dia 22 de Fevereiro de 1971. 
Foi durante a operação “Mabecos” que caiu nas mãos no inimigo. Nos primeiros 6 meses de cativeiro, era interrogado dia sim, dia não e castigado sempre que não colaborava. Esteve preso durante 3 anos e 8 meses. António Teixeira, condutor do exército, estava sozinho junto da viatura quando quatro homens do P.A.I.G.C. o cercaram. Sem escolha, seguiu com os guerrilheiros pelo mato e temeu perder a vida logo ali. 
Chegou à prisão de Conacri 2 dias depois. Manuel Vidal estava prestes a entrar ao serviço, no posto de vigilância, quando foi surpreendido pelos homens do P.A.I.G.C. 
Quando chegou à prisão de Conacri ficou isolado num quarto. Durante meses sobreviveu a arroz e água. António Baptista chegou à Guiné na véspera de Natal de 1971. Foi colocado no quartel de Saltinho, onde esteve apenas 4 meses até ser apanhado pelo inimigo numa emboscada. Depois do seu desaparecimento, foi dado como morto pelo exército português. 
Na pequena freguesia de Crestins, em Moreira da Maia, foi feito um funeral em nome da sua alma. Mas António regressou. Durante 29 meses, esteve junto com os outros militares, na prisão da Guiné Conacri. Perdidos no tempo, os prisioneiros enfrentaram um cativeiro sem saber se alguma vez voltariam à vida que deixaram em Portugal. 
Debateram-se com a incerteza, o vazio, a solidão. A revolução de Abril trouxe-lhes a liberdade. As marcas ficaram para sempre. 
Um reportagem com coordenação de Lúcia Gonçalves.

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