Trabalhadores da estação de Balsemão não se conformam com a decisão de passar a receber o subsídio de refeição em senhas para aplicar em restaurantes, super e hipermercados e querem ver a medida discutida o quanto antes. O DN sabe que o dia de ontem foi passado sob uma verdadeira tensão na redacção da SIC, com vários jornalistas a “exigir explicações por e- mail aos responsáveis dos recursos humanos”.
A Comissão de Representantes da estação está, inclusivamente, a preparar um plenário para a tarde da próxima quarta feira, 29 de fevereiro, às 15.00, onde, garante fonte ao DN, “pretende também abordar a medida” que chegou por correio eletrónico ao final de segunda- feira, 20 de fevereiro, e que parece ter deixado o ambiente pesado. “Ninguém nos consultou, só fomos informados por e- mail e ninguém nos avisou de nada”, explica fonte da estação.
Acredita, aliás, que o facto de a comunicação ter chegado em vésperas de Carnaval e a uma semana de todos os trabalhadores da Impresa ( grupo que detém a SIC, Expresso, Visão, entre outros) receberem o salário só pode ser interpretada como “estratégica”.
A medida agora imposta aplica- se não só ao mês de Fevereiro, mas também retroativamente ao mês de Janeiro. “Será anulado [ o subsídio de refeição pago em Janeiro] no vencimento de Fevereiro o valor que cada trabalhador recebeu em numerário a título de subsídio de alimentação, que voltará a ser pago em senhas de refeição. Ou seja: no mês de Fevereiro, cada trabalhador receberá os vales correspondentes ao mês de janeiro e fevereiro de 2012”, pode ler- se no e- mail enviado aos funcionários da Impresa.
“Há pessoas que, num mês, vão perder 300 e mais euros de rendimento”, declara uma fonte ouvida pelo DN. Uma outra lembra que “há casais a trabalhar na empresa que vão perder valores na ordem dos 500 e 600 euros”, refere uma outra. De acordo com o e- mailenviado pelos recursos humanos da Impresa ao fim da tarde de segunda, “a decisão deve- se à alteração na tributação do subsídio de refeição, prevista no Orçamento do Estado de 2012, que determinou que, a partir deste ano, se o valor do subsídio pago em dinheiro ultrapassasse os 5,12 euros/ dia, seria sujeito a IRS e Segurança Social”.
Fonte oficial da Impresa reitera que “a empresa tomou esta medida a pensar no melhor dos trabalhadores por forma a continuar a receber o mesmo montante”. Não comenta a constestação, mas considera que “todos foram avisados” da decisão. Ao mesmo tempo trata- se de uma carga fiscal que, desta forma, não é agravada para a empresa.
Os tickets, que também podem ser descontados em perfumarias e lojas de acessórios, têm prazos para ser aplicados, não sendo devolvido o valor que não foi gasto. A partir do segundo semestre, as regras mudam. “O subsídio de alimentação deverá passar a ser pago num cartão eletrónico, (...) utilizando os terminais de pagamento automático”, refere o comunicado dos recursos humanos.
Até ao fecho da edição não foi possível recolher declarações do diretor- geral, Luís Marques, do diretor de informação, Alcides Vieira, e da congénere para os conteúdos, Júlia Pinheiro. Se o ambiente na SIC, nas últimas 24 horas, tem sido, garante fonte, “de indignação” e com“gente a fazer contas ao quanto vai deixar de receber” em numerário, o DN sabe que a contestação em redações como o Expresso ou a Visão tem sido mais branda. Isto – asseveram ao DN – “por ser dia de Carnaval e por nem todas as pessoas terem ido trabalhar”.
O administrador não executivo Henrique Monteiro desconhece a decisão e apenas relatou ao DN que “ouviu falar do caso há cerca de quatro ou cinco dias e que se prendia com os impostos”, relatando não ter visto, até ontem à tarde, “ninguém indignado”.
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