Aos 28 anos, está em dose dupla na SIC, com Fama Show e Gosto Disto!. Andreia elogia César Mourão, sente a responsabilidade do horário nobre, diz ser a sua maior crítica e explica que não mistura trabalho com amor.
Na sua vida a que coisas diz Gosto Disto!?
Ui, tanta coisa! Gosto de viver. De fazer entretenimento, de estar na SIC, de trabalhar com quem trabalho, da minha mãe, pai, amigos, de coisas radicais, de sol, calor, de comer (risos)! Gosto de viver, basicamente é isso. Não há muita coisa de que não goste. Não gosto de dizer 'não gosto'. Mas gosto muito de gostar.
Gosto Disto! estreou-se na SIC há quase meio ano.
Como tem sido fazer este programa em horário nobre?
O balanço é muito positivo. O grande objetivo deste programa é fazer rir os portugueses. Fazer que durante 50 minutos se esqueçam dos problemas, da crise, das notícias. Isso conseguimos. É esse o feedback que temos. Tanto na rua como no Facebook. Isso é muito bom, levar sorrisos, gargalhadas, felicidade às pessoas. Há alguma coisa melhor? Não há.
O feedback e proximidade dos espectadores de que fala nunca tinha sentido antes?
Agora sinto este tipo de feedback muito mais. O Fama Show é um programa muito diferente. Tem um lado voyeurista, o que faz que muitas pessoas vejam os seus ídolos, vejam o que se passa no mundo da fama. Gosto Disto! é feito pelas pessoas. Enviam vídeos, fotos. Isso faz que este programa seja mais delas. Sentem-se parte dele.
Como tem sido a parceria com o César Mourão? Já se conheciam?
Cruzámo-nos nos corredores, mas nunca tínhamos trabalho juntos. O César é um excelente humorista, tem aguçado o meu lado mais humorístico e é muito divertido. Na realidade, completamo-nos. Por vezes, controlo os excessos dele. Outras, aquilo que tenho a menos de humor ou perspicácia, ele aguça. E as coisas funcionam bem. Conseguimos uma dupla divertida e as pessoas sentem isso. Percebem que aquilo somos nós no programa. Quando gravamos os comentários em voz off por cima dos vídeos, por exemplo, fazemos questão de estar a vê-los pela primeira vez enquanto gravamos, para os comentários serem o mais autênticos possível.
Ficou surpreendida com o convite da SIC para o horário nobre?
Sim. Quando a Gabriela Sobral e a Júlia Pinheiro me convidaram, foi com alguma surpresa que o recebi, mas com uma enorme felicidade. Para qualquer pessoa que trabalha em televisão, ter um projecto assim, com um outro apresentador, um excelente humorista, um projecto completo porque entretemos as pessoas com diversão, isso é muito gratificante. Poder estar em horário nobre de segunda à sábado é muito bom. Tem-me feito crescer imenso, tem sido delicioso. Gosto de saber, de perguntar, de acompanhar a edição. O ensinamento que tiro de tudo isso só me vai ajudar no futuro. Concentro-me em dar o meu melhor. Recebi esse convite com muita surpresa, mas com uma felicidade imensa. Sentir que o canal aposta em mim deixa-me muito feliz.
Gosto Disto! é também um formato onde há espaço para o improviso...
A ideia é mesmo não haver qualquer regra. Brincamos, fazemos palhaçadas, temos o despique entre mim e o César. Eu sou mais certinha, ele é mais malandro e funciona bem esta parceria. E levamos humor às pessoas. Energias positivas. Rir faz bem. As pessoas quando nos veem reagem a isso. Gosto Disto! foi o projeto que me permitiu ter maior proximidade com o público até hoje.
O sucesso de Gosto Disto! nas audiências do horário nobre também significa que os portugueses começam a fartar-se de novelas?
Não concordo. Temos excelente ficção nacional e a SIC tem dado provas disso. A ficção portuguesa tem dado provas de que pode ter e tem efectivamente qualidade. A parceria SIC-TV Globo faz-me sentir que evoluímos muito. E não acho que as pessoas estejam fartas de novelas.
Mas o Gosto Disto! veio roubar algum espaço ao monopólio das novelas da TVI nesse horário.
Veio trazer algo diferente. Não quero estar a falar em tirar ou trazer, mas trouxe uma coisa diferente. O público da SIC gosta de Gosto Disto!. A SIC preocupa-se em oferecer na grelha aquilo que o público quer, há uma preocupação com o público SIC. Mas a ficção fará sempre parte da nossa cultura.
Como é feito o processo de selecção dos vídeos de Gosto Disto!?
Esse processo é feito pela produção. As pessoas enviam os vídeos para o nosso e-mail ou Facebook e a produção faz uma selecção dependendo dos blocos e temas do programa.
Tem ideia de quantos vídeos recebem por dia?
Não sei ao certo, mas, só a avaliar pelo Facebook, centenas de vídeos por dia.
Quanto custa fazer este programa?
Não faço ideia, tem de perguntar à SIC.
Mas deve ser certamente dos programas mais baratos da televisão...
Não sei responder, a pergunta tem de ser feita a quem de direito.
Gosto Disto! é uma lição à indústria de que televisão low cost pode ter sucesso?
É a prova de que é possível continuar a dar bom produto aos portugueses e que esse produto pode ser produzido por nós, feito na íntegra internamente, desde câmaras, guionistas à produção. Este programa, mais do que qualquer coisa, é a prova de que com entrega, dedicação e trabalho é possível dar aos portugueses um programa de humor com qualidade e também bons resultados.
A Andreia acumula dois programas, o Fama Show, ao domingo à tarde, e Gosto Disto! em horário nobre. A SIC tem apostado em si. Sente responsabilidade ou pressão extra?
Responsabilidade, sim. Mas não diria que sinto uma pressão extra. Sou muito atenta às audiências. É óbvio que a televisão vive de resultados. Queremos e precisamos de ter bons resultados. Temos conseguido isso, o que me deixa orgulhosa. Obviamente que, enquanto Andreia Rodrigues e uma pequena parte deste programa, me preocupo não só em apresentar mas também em ter ideias, sugerir, estar não só nos pivôs mas também no que não se vê. Sinto essa obrigação que é igualmente um prazer. Pressão não sinto, faço isto com um tremendo gozo.
Apresenta o Fama Show há três anos, com Rita Andrade, Vanessa Oliveira, Cláudia Borges e Laura Figueiredo. Como é a vossa relação?
Essa é sempre aquela pergunta...! (risos) Temos uma óptima relação. Nós completamo-nos. Somos todas muito diferentes umas das outras. E ajudamo-nos. Não nos isolamos, não estamos em despique. Damo-nos bem. Vamos às compras, falamos por mensagem, almoçamos, jantar é mais difícil porque temos já algumas mamãs! (risos)
Ao fim de três anos, ainda é um desafio apresentar este programa?
O Fama continua a liderar, apesar de ter quatro anos. Já o faço há três e a sensação que tenho é que comecei ontem. O facto de nos concentrarmos em inovar, de pensar em temas da actualidade, de inventar novas rubricas, de nos reinventarmos constantemente, isso permite que o Fama tenha sempre aquele ar fresco e atual e que não passe de moda. A entrega é total e por isso é que os programas têm os resultados que têm. Fazemos e vivemos o programa. Na realidade, sinto que o meu trabalho não acaba. Saio da SIC e estou a pensar em coisas. Vou ver os meus programas...
Vê todos?
Todos, sem exceção. Os que não vejo, gravo. É aí que posso ver se posso melhorar ou não.
Consegue ser autocrítica?
Extremamente. Em relação a mim não sei se existirão pessoas mais críticas do que eu mesma. Acho sempre que posso fazer melhor. Estou atenta aos pormenores, não só os textos. Os cortes, a música escolhida. Reparo em tudo.
É muito perfeccionista?
Sim. No meio em que vivemos, no da televisão, onde há tantas mulheres bonitas, há tanta procura de trabalho e a oferta não é assim tanta, o que nos pode fazer ser diferente? Não será certamente a beleza. A beleza é efémera. É algo que só por si nada vale. Porque há muitas assim. Se não for o esforço, a dedicação, as provas de trabalho, a melhoria, não vejo por que é que em vez de estar eu não pode estar outra. É lógico que televisão é imagem, e há que ter em atenção a imagem que temos, mas não vivo obcecada com isso. Não sinto esse peso. O peso tem de estar na dedicação, no esforço e no trabalho. Eu até posso não fazer alguma coisa muito bem, mas, se me esforçar para a fazer, acho que vou conseguir. E acho que isso é que tem de ser notado.
Mas nunca sentiu o estigma da mulher jovem e bonita na televisão?
Não. Não me acho só uma miúda gira, engraçada ou interessante. E, sinceramente, as pessoas que trabalham comigo têm oportunidade de sentir isso. Gosto daquilo que faço, entrego-me, trabalho, gosto de saber, pergunto quando não sei. Esse peso é um peso atribuído, sim, se calhar em outras áreas. Uma actriz talvez sinta mais isso se tem uma imagem mais estrondosa, o tipo de papéis pode ser mais associado a uma certa imagem. Se estou a trabalhar em televisão é porque a minha imagem é minimamente aceitável. Isso já conquistei e está lá à partida. A imagem pode ser, sim, um bom cartão de visita. Mas não acho que seja tudo. Não chega. Porque também é algo que se produz. Uma mulher pode não ser linda, mas bem vestida, bem maquilhada, bem penteada, fica interessantíssima. O resto ou se tem ou não se tem.
A televisão é mais cruel para as mulheres do que para os homens?
Não acho. Se for uma boa apresentadora, não é a idade que a vai limitar. É lógico que não podemos ver uma apresentadora com 80 anos, ou não é normal. Mas também aos 80 anos já quero ter a reforma, se isso for possível (risos). Agora, acho que é tão cruel para homens como para as mulheres. Pode parecer mais cruel para as mulheres porque há mais oferta feminina do que masculina no mercado. Portanto, são muito mais aquelas que ficam para trás do que aquelas que seguem em frente.
A SIC faz anos este ano. Qual é a sua memória mais remota do canal?
A imagem da miratécnica. Programas, o Buereré, não me esqueço. [começa a cantar: A, A, E, E, A, E, I, O, U (risos)]. O Não Se Esqueça da Escova de Dentes e o Agora ou Nunca, também.
Andreia Rodrigues durante a entrevista ao Alta Definição |
Foi recentemente entrevistada pelo seu namorado, Daniel Oliveira, no Alta Definição. São críticos do trabalho um do outro?
Temos imenso orgulho em ambos. É óbvio que a opinião do Daniel é fundamental. Profissionalmente, por razões óbvias, não misturamos as coisas. Portanto, SIC, coordenação e apresentação é aqui que fica, na SIC.
Há fórmulas de sucesso no amor?
A receita é a verdade, o desbloqueio de receios, a simplicidade. É não haver tabus e pormo-nos no lugar do outro. Isso hoje acontece pouco, vivemos numa sociedade muito individualista onde existem poucas cedências. As pessoas não têm tempo nem paciência para ceder.
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